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04-11-2007

Anisio Medeiros - Nos Idos da FAU-UFRJ- série#1, por Nicolas Rouquette

Fui ao Rio resolver assuntos de família. Era dia de São Jorge, 2003.  Revi uma pessoa da FAU-UFRJ, que me deu a notícia da morte recente do Anísio Medeiros. Ele era mais que figura; era figuraça. Fui sua aluna em 1973, Desenho Artístico I (lápis, geometria) e Desenho Artístico II (cor: aquarela, pastel, cera pastel.) Anísio era amado ou odiado; nunca ouvi meio-termo. Sarcástico, ferino, sovina nos  sorvidos elogios infrequentes aos nossos trabalhos, mordaz na crítica ao movimento estudantil, também foi o primeiro que não quis me chamar de Oiticica, sina dos que têm o sobrenome ilustre das Alagoas :P)). Chamava-me de Tina Harris e mais: converteu-me em uma espécie de musa do desenho artístico a lápis. (Já que era fraquinha no preto e branco.) Virei modelo.

--Não podemos começar a aula sem Tina Harris. -- Batia o pé e pronto.

Nos meus dias pré-professora USA, sempre atrasada então, com roupas escalafobéticas, tipo filmes de Tim Burton, posava e batíamos papo.
Lembrei-me disso hoje, ainda agora, quando tomava meu café da manhã/almoço/natureba. (Desculpem o atraso do blog. Estamos a menos seis horas do horário de Brasília.)  Tentei alugar o filme Macunaíma, baseado no livro Macunaíma; não havia.  Consegui o Bye Bye Brazil. (que pobreza as referências à arte brasileira na Net.)  Anísio Medeiros, mãe, mesmo que malvada, de seus queridinhos, do Piauí, talvez com certo carinho pelos alagoanos e desprezo por essas baboseiras de sobrenome famoso.  Daí, Tina Harris. A cor, em cera pastel, pastel ou aquarela, foi meu triunfo perdido nos arquivos da FAU-UFRJ, porém bem aprendida. Passei com dez, sem nenhuma das minhas provas comigo. Vocês acreditam?

Anísio zoava a política em sua seriedade ortodoxa. Não sabia até uma lida rápida na wikipedia que ele também foi da política.  Zoava os puxa-sacos, os hispanos, ricos e pobres, não deixou pedra sobre pedra. Porém, enquanto a FAU-USP pode ter tido seus dignatários, modernos e estilosos, nesta era 73-78, a FAU-UFRJ teve grandes nomes, medalhões da arquitetura ou da arte brasileira.  L.P.Conde, meu professor de planejamento urbano, enfrentou um arquiteto de renome por princípios de liberdade criativa. Conde tinha idéias de planejamento inovadoras; mandou seu recado bem. Joca Serran, morto em acidente trágico aos 36 anos, sonhava com planejamentos paisagísticos e urbanos abertos à imaginação do estudantado. Alfredo Britto, de história da arquitetura, meu "muso caboclo," com olhos amarelos, meio temperamental, de tudo sabia. Nora Rónai, não dava sopa, era  professora medalhão de geometria descritiva, meu amor masóqui pois me reprovou. Maurício Houaiss, era o professor de cálculo I e II. Não sei o que defendiam politicamente e não importa.  A FAU-UFRJ de 1973-78 foi o máximo dos máximos e Anísio Medeiros a estrela-mór desta constelação. Anísio gostava de contar dos truques usados para fazer a feijoada de Macunaíma, por exemplo: pedaços de esponja imitavam carne, anilina negra era feijoada na piscina do Parque Lage; dos detalhes da cabeleira maravilhosa da Betty Faria, feita de luzes de árvores natalinas, no Bye Bye Brasil. Cada detalhe cênico ou artístico vinha acompanhado de comentários pessoais dispensáveis ao meu relato aqui.

Cada filme em que Anisio Medeiros, casado e pai de filho, era ou cenógrafo ou diretor artístico, ou figurinista, a gente via rapidinho pelos detalhes importantes para nossas carreiras depois de formados ou para nosso acervo de buxixos (fofoquinhas.)

Hoje conversei até cair a linha com esta pessoa que me contou  um pouco, no dia de São Jorge, em 2003, da morte do Anísio. Estava eu no Rio a assuntos de família, para variar, pois há viagens e viagens, nem sei onde li isso. O que sei é que Anisio enriqueceu o folklore da FAU-UFRJ sem ser fofo Caetano. Víbora, cascavel, mito dos que o conheceram, sua memória perde-se no pó das gerações que confundem a Tropicália de 1968 com a Semana de 22. Faço a digestão de um almoço/café natureba/vegetariano, pasmen, comedido: bacon, linguiça, ovos, panqueca, café, morangos e grapefruit, tudo natureba sem carne. Tinha lido sobre o tal do Capitão Nascimento no Orkut e não resisti para comentar sobre aquele que não é fofo como o Caetano e que teria a idade da minha mãe, o grande artista, cenógrafo, arquiteto, figurinista, genial, meu grande professor sobre cores ( o rosa colonial é terracota mais branco) Anisio Medeiros. Que estenda suas asas de carcará sobre nós.

04-06-2007

Ufa! Livros e tochkes:quinquilharias, por Nicolas Rouquette

Cheshirecatgrin_2
Kitty Carslyle descansa em meio a fios porque gatos têm sete vidas.  Seu sorriso é o do Cheshire cat, imortalizado em "Alice no País das Maravilhas."  Na verdade, um grin mostra os dentes.  Ela mal o faz. Sonha.  Gatos têm R.E.M.
Ghr
O aborrecente pausa para a máquina fotográfica.  Finalmente consegui todas, carregá-las e só falta o manual da videocam.  A "sudadera" foi comprada no International Airport Dulles, em D.C. depois que o agente da Migra nos deixou plantados cinco horas em trânsito.  É a geração Pod. Pode tudo. 
Harilaos
Coleciono shotglasses, copinho de cachaça, tenho muitos. Não bebo mas gosto dos copinhos.  Nesta foto tem uma miniatura de TV com relógio ( funciona!) e foto de uma cena do "I Love Lucy".  Minha pulseira metaleira de 1985, presente-sarro com a minha cara no meu aniversário.  Daddy, quando entrou para a Marinha Mercante, um Mr.Peanut, símbolo da minha primeira colega de quarto na USC, DADO.  Ela me deu e tenho até hoje o bonequinho de pano do Mr. Peanut.  Uma pontinha de descanso de copo do Blue Bar, do Hotel Algonquin.  Não roubei.  Pedi.  Algonquin é o nome da tribo de NYC.  O Hotel Algonquin é histórico por sua mesa redonda onde os literatti se reuníam.  Destes gosto do James Thurber. A revista New Yorker ficam em frente, quase. Esta só dá pra ler em particular, enquanto os lobos não vêm.

Livros2
Meus livros, menos o Asimov.  O Poe é em francês para o Nicolas ler. Tradução do Beaudelaire.
O livro marcado, do Marcus du Sautoy, é o que fala sobre 42 e números primos.
Esta Sony é chatinha para pegar o foco da foto.  É raro conseguir foto boa.
Para encerrar, o quadro proibido daqui de casa que outra allumeuse ( mulher que atiça o fogo no cara só por atiçar, falta do que fazer, mesmo.  Se o cara puxar o "pau pra toda obra" ela fica assustadinha e corre.)
O pau-pra-toda-obra foi uma busca hoje.  Em alemão!  Bom , pau-piroca é schwanz ou rabo, como em francês piroca é rabo, queue.  Como fila ou bicha em Portugal.  Obra acho que werk serve.  Seria então Allwerkmitschwantz ?  Sei lá, perguntem ao pessoal do sul.  Ainda não me explicaram o motivo de haver tanto blog no Sul_Maravilha.  Deve ser o frio.
Mais uma foto, do poster que ficou malocado no armário.  Vale uma nota, a Allumeuse SM me explicou.  É memorabília.  Musiquinha?  Já esconhi até: Easy Rider, abertura.  Mamãe posso ir?  Quantos passos?
Marihuana
 

20-05-2007

Flickr cell Razr photo Blogging -Macau do Poeta Laureado, por Nicolas Rouquette

 
  Macau-quero-resumo.jpg 
  Originally uploaded by anarchic_universe.

Recebi recentemente o livro mais procurado na Internet logo antes do vestibular.  Perdi dentro desta casa onde seres sobrenaturais somem com quase tudo a primeira edição, capa dura. Mommy tinha fissura de levar para seu quarto qualquer coisa que lhe despertasse interesse, mesmo que não fosse dela. Embaixo está a New Yorker desta semana.  A que tem o artigo sobre a cara-metade da minha prima, Christina, o parceiro do Raulzito,
ainda não terminei de ler.

Por quê Macau?

Macau é um pedacinho da China onde se fala português.  Completamente isolada, Macau é uma analogia à lingua portuguesa.  Cada vez menos influente, perdeu a prioridade no mundo.  Vejam o blog da minha prima, que mora no Reino Unido.  Não ...ler blog.  Ela está levando sua carreira blogueira a sério.
Não... blogs  Mesmo no Reino Unido, sempre amigo de Portugal, exceto pela pirataria em alto mar, não há quase livros de origem lusófona.
Ando muito cansada, como a letra do "Vapor Barato" do Jards Macalé. Perdi Os Mutantes na TV. Perdi o gol mil do Romário, conhece o Romário?  Primo do Sunda, que matou o Cobrálio.

Quem ainda não está no MyBlogLog, vá. É melhor que jogar Monopólio.
Quem não visitou o post do Alexandre Inagaki, o post sobre memes e Ilker Yoldas, visite também o Pensar enlouquece, pense nisso.
PensarEnlouquece

E por hoje é só.  Escrevo com a urgência de quem vê sua Mommy a cada vez mais casca de si mesma.  Dizem que é natural, que isso que aquilo.  Sou revoltadinha, uma Libelu de coração.  Ah, o Paulo Osrevni ganhou o TBAward.  Passem os seus adiante, por favor.

Ele é o autor do "Para ler sem olhar" Ou vice-versa. Está na minha lista. E na do Donizetti, no portal do Interney.net/blogs.

E é tudo que tinha a dizer sobre isso, já disse assim meu under-ego, Forrest Gump .

11-03-2007

Piadas indecorosas para quebrar o gelo, por Nicolas Rouquette

Bananeiras_4 Vocês já viram lá na rabeira da lista o blog do Doutor à Toa?  É muito engraçado.  O Doutor à Toa declarou-se; estou pensando quê seria viver de papo pro ar balançando numa rede.  Eu o balanço e ele me balança.  No meio do mato... Ele é uns quarenta anos mais novo que eu, que faço 69 todos os dias.

E daí?  Roma não foi feita em um dia.  Doutor à Toa deve ser arquipélago arqueólogo; o marido da Agatha Christie era.  O Doutor gostou tanto de mim, e gosta, que vem um trocentão de gente para o Universo Anárquico, tudo do seu blog, que me mata de rir.  Ele teve a paciência de correr atrás do meu banner, feito pelo Eudes, da Rapadura.  Meu banner é raridade, viram?

Estou bolando alguma promoção blogueira aqui, dentro das minhas possibillidades.  Uma distração  para alegrar os corações da galera que freqüenta o Universo Anárquico, o Anarchic Universe, o UA ou o Anarchy Across the UniverseChega de bloguices. Às piadas.

"Era um casal casadíssimo há sei lá, uns quase cinqüenta anos, casaram cedo.  Aquele casamento onde vai a corda vai a caçamba.  Um completa a frase do outro.  Todos os conhecidos achavam aquele casamento o máximo.  Todo o mundo menos eles, o casal.  Tinham enchido o saco dos peidos um do outro, arrotos, soluços, hálito, não havia restado nada do amor de outrora.  É o costume, o medo, a imagem. Convenções e medo os prendem.

Um dia tomaram coragem e se divorciaram.  Ufa! Que alívio a cama só para si mesmo, nada de cobertas puxadas, roncos, gemidos na hora daquilo, esperas pelo efeito da pílula azul.  Os dois passaram vários meses radiantes pela separação.

Uma bela noite carioca, sem bandidos, todos estes ocupados com os paulistas de bobeira vendo eclipse da lua na praia, que bravo o povo bandeirante, não é não?--encontram-se os -ex em uma vernissage ali na Praça General Osório. Vernissage, para quem não conhece o neologismo, não, é galicismo, é uma festinha com canapés tão gostosos quanto permite o bolso do mecenas que financia o artista cuja arte está em exposição para o pessoal da elite.  Ou seja: arte nas paredes, artista presente, rapapés, mecenas de ouvidos aguçados, e a fauna e flora da alta sociedade carioca; comidinhas e drinques.  Um pouco do bas-fond pra dar um gosto de festinha: putinhas, futuras celebs praticando soixante-neuf com diretores,lea mesmo, no carro, depois; pessoas alegres, o álcool correndo, Chivas e tudo mais, intelectuais tímidos sentados embalando seus copos enquanto seus iPods continuam a tocar Fall Out Boy, uma dessas músicas de metrossexuais, tudo indie.  Perguntem ao Marcus, A Grande Abóbora.

Ávila estava na vernissage procurando uma peça que pudesse vir a ser obra de arte pra valer e valer muito mais no futuro.  Eis que encostada em um pilar na esquina da galeria está Joana, sua mulher, oops!   Ex-mulher.  Cruzaram olhares.  Ela, apesar da lei da gravidade, tinha tido seus tratamentos na Rua Dona Mariana.  Continuava apetiitosa ( Mas é chata que dói, pensou.  É, mas é só para comer, seu debate interno seguia.)  Ao olhar de Joana corresponderam só boas lembranças: sua pulseira da Tiffany, diamantes a cada polegada, suas jóias de pedras inegualáveis da H.Stern.  Passeios, viagens, "Sempre teremos Paris" que nada.  New York, New York.  Melhor só Bel Air, onde um grande diretor era apaixonado pela arte também. Lá ela e o marido, quer dizer, o ex- tinham uma casa de hóspedes só para eles. Ah, que compras fantásticas em Beverly Hills. Que hotéis, quanta carne fresca na espera de uma oportunidade, enquanto serviam nos restaurantes e salões de hotéis, tentações.Meet_avalon

Foram andando um em direção ao outro, com cuidado para disfarçar a meta.  Quase deixaram cair uns respingos valiosos de um Johnny Walker Black Label.  Fingiram surpresa, trocaram perfumarias, nem ele pareceu tão asqueroso aos olhos dela, nem ela tão chata aos ouvidos dele.

Foram Ávila e Joana esticar juntos. Se a curiosidade matou o gato, era ele quem ia comer a gata. Escolheram um bar-restaurante na Lagoa. Íntimo, intimista, escuro que nem inferninho.  Ávila já tinha traçado seu plano para melhor traçar  Joana.  Esta um pouco tocada pelo scotch não quis tomar scotch inferior.  Partiu para a bebida da sua mocidade, a Cuba Libre, rum com Coca-Cola.

Estava bem entoxicada quando o pulha do Ávila a caregou para sua garçonière no Alto.  Ávila a despiu, cada centímetro quadrado daquele corpo contava-lhe um conto.  Ela mal discernia  o rosto dele.  Não sabia o que fazia; sentia ondas de calor reconfortante, de algo que conhecia, prazer...

Não perdeu tempo o Ávila; começou a carcar sua ex- paulatina e seguramente.  Ela dura como um dois de paus, rígida.  Ele também está cansado.  Ela não dá um sinal de vida.  Ora, que ele sente uma tremelicada ?  Pode ser?  Anima-se e pergunta:

                                                      

--Joana, e se você se virasse para me dar esse teu Cabra_1rabisteco remodelado?

--Só por cima do meu cadáver!

--Vejo que você não mudou. Mortinha da Silva. Deve ter sido um caminhão que estremeceu a rua.

E daí se confirmou a expressão "Lá na casa da mãe Joana." Onde ninguém manda. Não confundir com "Lá no cu do Judas."  Esse lugar é qualquer um além-túnel no Rio, exceto a Tijuca, Grajaú e áreas adjacentes.  Cu do Judas é Xerém, por exemplo.  Achei um site muito bom sobre o português do Brasil e a cultura brasileira.  Vale a pena ler aos poucos.  Cultura popular. Clique, por favor.

Mais outra?  E vamos lá.

20-11-2006

O Bebê de Desirée -Parte Dois, por Nicolas Rouquette

Nasceu o bebê de Desirée, um bebezinho perfeito. A mãe de criação de Desirée foi visitar. Desirée não cabia em si de felicidade. Mostrava a perfeição das unhas do bebê, suas feições tão definidas, trazia-o ao peito com visível satisfação.

A mãe de criação pediu o bebê por uns instantes. Levou-o para perto da janela. Ela como que mordeu os lábios mas nada disse. Beijou sua filha, pediu que mantivesse contato e foi embora não sem antes ouvir um relato da felicidade de Armand depois do nascimento do seu filho, que agora Armand poupava os escravos, estava feliz e leve.

Desirée não sabia precisar quando foi que um sentimento de angústia, uma sensação do espaço fechando ao redor dela, uma tempestade iminente a chegar, não sabia. Não sabia tampouco por quê. As visitas de vizinhas se intensificaram. As escravas não a olhavam diretamente. Pior, Armand estava ríspido, de poucas palavras, mal olhava o bebê, mal olhava para ela.

Seu bebê já tinha três meses. Um dia, estava a brincar com o bebê um moleque escravo, um-quarto negro, claro de pele mas negro segundo o critério de "uma gota." Desirée estava distraída; logo se fixou nas duas crianças, no moleque e em seu bebê. Não saiu um grito sufocado. Olhou para a mucama, Claire, também mulata clara. Os olhos de Desirée iam de um para o outro para o outro, queria gritar, sua voz não saía. Com dificuldade, levantou-se tal um bêbado, arrastou-se para o escritório de Armand.

Ela a recebeu de costas. Ela tentava arrancar sua voz de dentro de si. Finalmente falou, com uma voz rouca, que não era a sua, mas falou:

-- Armand, é o nosso filho, não é? Existe algo errado com ele...

--Ele é negro e você é negra. Você trouxe a desgraça para dentro da minha casa, minha família tradicional de séculos de Louisianna. -- Seu cenho estava mais sisudo, sua aparência mais fechada, parecia mais moreno que de costume.

--Eu, Armand? Olhe para os meus cabelos! São castanho claros. Meus olhos são azulados. Veja, sou mais branca que você!

--Você é órfã, o bebê é negro, você é negra.

--Você quer que me vá? É isso? --Mal continha seu choro Desirée.

Armand virou as costas, Desirée voltou ao seu quarto e bebê desesperada. Agora compreendia todas aquelas visitas, os sussuros das escravas. Desirée recebeu um recado de sua mãe adotiva:

"Volte para o seu lar com o seu bebê. Você é benvinda aqui, Desirée. Nós te amamos."


( continua hoje de tarde, horário menos seis procês )

24-08-2006

A Torre de Babel, por Nicolas Rouquette

Nesta cidade onde são faladas 163 línguas, onde a segregação étnica é histórica, ao mesmo tempo que vivemos com desconfianças geradas pelo desconhecido Outro aprendemos sobre culturas que nunca teríamos nem ouvido falar, muito menos apreciar.

São Paulo é um microscópico vislumbre do fenômeno multicultural losangelino. Aqui aprendi um pouco de farsi, de árabe, grego, russo, japonês e chinês mandarim. Com as pequenas frases, os costumes. Não há imigrante que não goste de um dedo de prosa, principalmente quando mostramos interesse na cultura deste. A comunidade persa é grande no comércio. Aprendi: rálê chatúra, rubei, tarfir pêidê, merci, getton ( como na música do Marvin Gaye) e hold office. Querem dizer, respectivamente: como vai, bem, desconto por favor, obrigado(a), caro e tchau.

As mais difíceis para mim são o armênio, que reconheço mas não gravo e o coreano, estes em geral são reservados pacas.

Ainda no assunto língua, é pena que o português esteja limitado ao Brasil e Portugal, mais algumas ex-colônias aqui e ali. Não é à toa que o poeta Paulo Henriques Britto deu o título de Macau ao seu livro de poesias premiado ano antepassado pelo Portugal Telecom. Torna-se o português uma língua isolada como a provínicia de Macau, na China continental, que ainda fala o português de Portugal.

Mudando para a língua da música, o assunto do dia são as diversas declarações do Bob Dylan sobre seu disco vindouro. Ele se declarou radicalmente contra a choradeira das gravadoras e suas perdas com piratarias, contra o CD e a favor do vinil, mais ou menos deu a entender que o disco está uma titica, agora é tarde, já comprei. Ele é muito figura.

É hora do jantar, obrigada aos que me visitam, até amanhã! Cliquem para melhor ver esse museu doido, espiralado, o Guggenheim de NYC. Quase um torre, quase.
Guggenheim

23-08-2006

A beleza da língua, por Nicolas Rouquette

Uma desvantagem da moradia no exterior é a dificuldade de assimilação de novas expressões na língua mátria. Esta semana aprendi uma expressão nova, para mim. Ainda é gíria, pois nem todos que falam português entendem esta expressão. E adicionada a mais uma dupla de palavrinhas torna-se gíria sintética, ou falsa.. Gíria sintética é a gíria original usada com adição de expressões que não fazem parte da frase original e são falsas. Um exemplo clássico é : Gag me with a spoon. Gag me, que seria Faça-me vomitar (que horror!) era natural no auge da era do Valleyspeak. O with a spoon foi criado pela imprensa ou filmes e nunca foi usado pela juventude dos anos 80 USA. E por isso é sintético.

A expressão que aprendi é extremamente erótica, pode ser também alucinógena, depende do contexto do seu uso. Vamos lá a um exercício para que aprendamos a usar esta expressão tão original.

1) Fiquei tão pau com ela que disse que ela estava viajando na maionese. Queria defender meu miguxo também. O moderador da discussão viajou na maionese e ela é que dançou.

2) Estava só na minha casa, todos tinham viajado.
Não tive saco de limpar a geladeira. Já tinha um mês que não tomava banho. Um dia de feriado estavam todas as lojas fechadas, até a que fica a cinco minutos a pé da minha casa. Tirei um pão mofado da geladeira e abri a maionese. Estava com bolor. Juntei os dois e comi tudo. Viajei na maionese umas quarenta e oito horas, fiz um monte de coisas, não sei de nada. Foi a maionese.

3) Será que Monica viajou na maionese nos seus encontros com o Jefferson? Será que o gosto da maionese é igual?

4) Por falar em viajar na maionese de esqui, por quê não vamos resolver isso em Geneva? E usamos a maionese sem o esqui?
http://www.brasilnordeste.com.br/Artigosenotícias/Notícias/Terceirosetor/Gerenciador/tabid/87/articleType/ArticleView/articleId/1942/DireitosHumanossugereexclusodoOrkutdainternet.aspx

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