Linque: Mandar o Homem a Marte? Ray Bradbury e mais, por Nicolas Rouquette
O post do Obvious sobre um carrinho para os astronautas usarem em Marte está dando altos comentários. A questão que o post gerou foi sobre a possibilidade ou mesmo a viabilidade, ou ainda, o por quê de colocar um astronauta em Marte. Até o meu marido deixou seu comentário. O Dr. Nicolas F. Rouquette trabalha para o Jet Propulsion Laboratory, responsável pelas missões sem gente: os robos que foram a Marte, o Cassini, que chegou a Júpiter, e o Deep Space One, que só parou porque acabou seu combustível, íon.
A leitura deste post do Obvious vai além de audiência fissurada em ficção científica. Aliás, fomos a uma livraria quase ao lado de um cinema histórico, O Alex Theater, em Glendale, em março de 2003. O meu ídolo de adolescência estava assinando livros. Chama-se Ray Bradbury. Tem oitenta e sete anos. Sua risada é tronituante como uma tempestade daquelas:
-- Ho! Ho,ho, Ho!
Estávamos às vésperas da invasão do Iraque, feita em nome da democracia. Sei que a invasão foi no dia seguinte à lua cheia de março de 2003 para que as tropas tivessem maior visibilidade. A revista que publicou isto foi a New Yorker, um ano antes da invasão.
Além de rir como trovoadas, Ray comentava sobre os assuntos do dia e assinava os livros, à medida em que comia nachos ( pedaços de tortillas fritas cobertas com queijo Cheddar.) O grande pioneiro da ficção fantástica precisava de um babador. Estava gordo. Nos anos sessenta era bem bonitão. Sua mente continua afiada como navalha. Disse que a ONU deveria tomar conta do problema do Oriente Médio. Perguntamos sua opinião sobre o homem em Marte. Se deveríamos mandar missões com gente pra lá.
O criador das Crônicas Marcianas disse que era contra. Uma grande surpresa para nós. O que sei é que esta coleção de contos é uma de suas obras mais famosas. A minha obra favorita do Ray Bradbury é o romance Fahrenheit 451 (a temperatura em que o papel pega fogo.) O filme é do François Truffaut; é imperdível. O romance saiu de um conto curto chamado "The Pedestrian." Cliquem para lê-lo na íntegra. Ray Bradbury se inspirou na paisagem urbana do San Fernando Valley, que é bem uniforme, repeteco de casas iluminadas pelo azul da luz da televisão.
Ray Bradbury ficou viúvo mas sobreviveu à morte da esposa. O Oskar Werner morreu de ataque cardíaco logo depois da morte do seu grande amigo François Truffaut. Ambas mortes foram temporãs, suas obras são imortais.
E assim passamos o dia dos pais dos EUA: um pouco de computador, uma lauta refeição orgânica, mais um artigo para fechar o dia com chave de ouro. Ajudamos o Mini-Me a ensaiar seu projetinho de química para amanhã. Vou ver se acho uma foto dos dois no dia dos pais de 2007, acho.
À demain!
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Também gosto muito do Fahrenheit 451 / The Pedestrian. Neste fim de semana vi um filme com a Julie Christie, grande atriz, bela mulher. Acho que Oskar Werner não está tão bem neste filme, mas, veja só, faz mais de 20 anos que não o vejo.
Gostei muito quando vi, principalmente pelo final dos homens-livros e pelo duplo papel de JC.
Beijo!
Posted by: Milton Ribeiro | 16-06-2008 at 10:17
Em cinema e outras artes não se discute opinão de gente culta. Para mim, que havia perdido o "Jues et Jim" devido à censura, o Oskar Werner virou herói durante muitos anos. Talvez por ter olhos claros e cabelo loiro. Acabei casando-me com um francês da Occitane, cujo pai é negro. Já vi Fahrenheit 451 várias vezes. E sim! Os homens livros são geniais e JC também.
Obrigada pelo comentário, hoje é dia dos comentariastas de blog, dizem. Para mim é dia de Bloom.
Posted by: Nicolas Rouquette | 16-06-2008 at 12:56