Visita é que nem peixe, depois de três dias..., por Nicolas Rouquette
Chegaram minha irmã e sua filha, a moreninha na Pedra do Arpoador no escudo do Flickr, uma réplica mais calma este ano do Tazmanian Devil. Estamos sem calefação faz uma semana. Clima ideal para gaúchos. Gelamos no unidos venceremos rachando a copa-cozinha: Nicolas, GHR, eu, a secretária, Olga, a moreninha, a gata e o cachorro.
Aliás, ontem e hoje "choveu cats and dogs" (muito.) Minha irmã se gripou, um técnico veio aqui e detectou que o motor da calefação já era. A gente fica telefonando para a firma, um joga duro e eu pego pesado. Hoje disseram que o motor vem de Des Moines, Iowa. (pronuncia dê móin) Nicolas perguntou se haviam pedido Fedex. Claro que não. Já foi pedido o Fedex e tomara que o técnico competente venha aqui na sexta. Porque já veio um incompetente confesso.Vocês acham que o "estaremos atendendo" é só no Brasil, hein?
Enquanto chove a píncaros (sic), expressão de um radialista de futebol, estamos sofrendo do efeito de estarmos todos juntos no único lugar que tem um aquecedorzinho polytheama( para todos.) Minha irmã zomba do meu
desconhecimento das mudanças no Largo do Machado, o divisor entre Catete, Flamengo e Laranjeiras. Houve um evento recente no Rio que incluiu o Cosme Velho. Parece então que fomos promovidos de volta à Zona Sul. Lembro a todos que a Tijuca, bairro de normalistas casadas com formandos do Colégio Militar, e o Grajaú são bairros da zona norte mas não são subúrbio. Subúrbio carioca é onde passa trem ou não passa ninguém, tipo atrás do Instituto Oswaldo Cruz.
Havia um livro que gostaria de ganhar mas dancei. É um livro sobre o grande João Saldanha. Saldanha teve a coragem de barrar o Pelé porque o Pelé não enxergava bem, o que foi confirmado décadas depois, era Pecebão convicto, gremista apaixonado e Botafoguense doente. Lembro-me vivamente de sua voz no rádio: --Meus amigos... -- e da sua participação em mesa-redonda na TV. E de suas crônicas mordazes no jornal.
Gaúcho que se preze é meio doido, acho, exceto a Gabriela Z, sempre sensata e comedida. O Saldanha, inconformado com a derrota do Botafogo para o Bangu em 1966, saiu pela sede botafoguense de General Severiano de pistola em punho atrás do Manga, nosso goleiro, alto padedéu. Manga pulou o muro lépido como um gato que não quer virar tamborim.
Estou poupando minha irmã e dando aula para minha sobrinha. Ela ontem bateu récorde no dever de matemática. Só três minutos. Detesto ouvir criança culpando professor pois criança não tem parâmetro para julgar os mestres. A menina tem maus hábitos: não põe ambas as mãos no papel quando escreve, não olha para as palavras-chave, quer falar enquanto trabalha. Perguntou-me se eu tive problemas de disciplina. Disse que não e expliquei-lhe o meu sistema de ensino: é behaviorismo mas funciona muito bem. No Brasil torcia o nariz ao método de trabalho-recompensa. Coisa de marxista desinformado.
Na minha sala de aula havia uma caixa de plástico bem grande. Comprava um monte de cacarecos, de brinquedinhos Star Wars (caros) a blocos para escrever cartas ( para as meninas), artigos escolares, marcadores, etc. Mostrava a loja para as crianças e dependendo do AHHH! ou OHHH! marcava o preço em coupons. Eles guardavam seus coupons com suas iniciais dentro de envelopes dentro das carteiras. Anunciava a venda para depois de uma prova onde todos( quase) se dessem bem.
É muito fácil. A criançada fica quieta para ganhar coupons, presta atenção e no final das contas todos ficávamos felizes. Comprei gibis, livrinhos de Goosebumps, que eram histórias de "terror". Vale a pena investir na sala de aula em troca da paz. Tínhamos até borrachas brancas da Mars Stædler ou Pentel, alemãs. É que não suporto papel manchado de borracha ou sujo de gordura. Tínhamos uma caixinha de suplementos de arte para cada conjunto de mesas. Fazíamos a conta das borrachas todos os dias para evitar o sumiço. Deve ser frescura de quando fui "arquiteta". As borrachas alemãs eram conhecidas como "The good erasers."
Visita é como peixe, depois de três dias, fede. Provérbio Yiddish.
Apesar do efeito "crowd" estamos bem. Minha irmã sempre diz que moro no Grajaú porque aqui é bem quieto, um tiro ou outro de vez em quando na rua principal. Só que aqui tem mar. Cinema só quando nossa situação melhorar. Queria ver o "I'm Not There" e o filme do Denzel com Russel Crowe, dirigido pelo Ridley Scott. Já dizem que vai ganhar um filme bonito, vitoriano, desses chatos padedéu. Esta é uma volta em câmara lenta porque tenho que descansar. Logo voltarei aos blogs. Deixo aqui uma musiquinha YouTube e aproveito para dar parabéns à gatíssima Ana Letícia por seu aniversário. Agradeço ao Clayton de Mello seu lindo comentário. Vê-se que é jornalista e fino. Aproveitei para passar no seu Ponto de Fuga e matar a saudade dos cineastas "marginais" e da Helena Ignez, uma das atrizes mais interessantes do cinema novo e marginal, muito bonita.
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Interessante o seu método de ensino :) De certa forma, estimula o aprendizado.
Quanto à falta de calefação, aproveite o friozinho forçado para fazer atividades típicas de inverno, como tomar um chá bem quente enrolada nas cobertas :)
Posted by: Gabriela | 19-12-2007 at 18:38
Que coisa... eu sou Behaviorista Radical O.o
Ah, gostei muito do video da dança do ventre, no post da piada...
Ah, o Milton... bom né? rs
beijos
Posted by: _Maga | 20-12-2007 at 20:03