A mulher precisa de homem como peixe..., por Nicolas Rouquette
A primeira vez que ouvi este ditado feminista foi na voz da U. D., antes de ser doutora em linguística. 1981-82, verão carioca. A mulher precisa de homem como peixe precisa de bicicleta.
--Uschi, mas a mulher não precisa de bicicleta...
-- Exatamente -- respondeu, impertubável, minha amiga alemã.
Por falar em peixes, tema da semana, a vida é curta, meu marido de 22 anos de casamento está de férias, minha irmã e eu estamos bem, sua filha até que amadureceu muito. Dou-lhe aula de matemática e português todas as manhãs. Minha irmã ou meu marido com a sobrinha ou meu filho se revezam para ver minha mãe aqui pertinho. Não consigo ir lá.
Minha sobrinha me perguntou se comíamos à mesa sempre assim, com a mesa posta. É assim, é casa de francês. Temos família, o restinho de família que verei e que tenho. Quero aproveitar estes momentos raros.
Tenho a certeza de que vocês entendem. Quando minha amiga Uschi teve uma doença que parece incurável e voltou com seu marido, lembrei-lhe da frase sobre o peixe e a bicicleta. Impertubável ela retrucou que às vezes o peixe precisa da bicicleta.
Quando teve que fazer mastectomia radical me disse que " tinha uma visão sem obstáculos de seus pés." Muita gente pensa que os alemães são insensíveis. Acho que eles têm uma lógica e senso de ordem impertubáveis e muito sentimento que se esconde por não sabermos ler a cultura saxônica. Se não há palavra como "saudade" não há palavra equivalente a sehnsucht , que é falta, desejo, carência, fixação de viciado como em Veronica Voss.
Talvez hoje, já alguns amigos mortos, um sinal do tempo que urge, outros que são cascas do que foram um dia, talvez tudo isto seja um sinal de que não temos tempo para sair de nós mesmos. É o tempo, tempo, tempo de que fala Caetano.
Deixo vocês aqui, quando der eu escreverei alguma coisinha. No momento não tenho espaço na minha vida, que sinceramente sinto que escapa do meu controle. Vou tentar o Via Voice pois como blogar e comentar sem poder teclar?
Agora o tempo é de peixe rei, o salmão posto à mesa em dia de festa no Midi, é tempo da minha bicicleta, filho aborrecente, irmã e sobrinha. Vamos a um rock alemão? Ele diz tudo do meu país de cidadania, do bom ao malvado. É um dos grandes vídeos do rock mundial. Paz e boas festas.
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Tina, bom dia! Muita boa sua observação. Há, claro, uma tentativa (digo 'tentativa', porque não sei dizer se é mesmo possível escrever em estilos próprios de outra época) de 'caminhar' por diversos estilos. Se você ler mais dos poemas, verá que, pela linguagem, pela forma, pelo tipo de rima, ou mesmo por sua ausência, tento experimentar estilos e técnicas. Em minha opinião, quem melhor fez isso foi Elomar, no poema 'O rapto de Joana do Tarugo', que conseguiu com perfeição, escrever e compor - também a música - ao estilo medieval. Vale conferir.
Quanto a estar apaixonado, também é verdade. Mas isso também é passado em outros poemas, em tentativas mais modernas.
Agora uma pergunta: você é parente da escritora Ângela Oiticica?
Um abraço!
Posted by: Andre L. Soares | 21-12-2007 at 02:12
Ângela Oiticica, se é uma pessoa meio alourada de olhos azuis e filha da Nadir, é minha prima, sim. Se é esta, não a vejo desde 1967 ou 68. Há uma comu no Orkut da família Oiticica.
Quando a conheci era meio chegada a lances orientais. Perdi completamente o contato. Mande lembranças por mim.
Posted by: tina oiticica harris | 21-12-2007 at 07:51
Querido André,
Olhando os comentários aqui, quero dizer que não sou filha de Nadir, mas, da poetisa Iracema Oiticica. Nadir era irmã de minha mãe.
O período que Tina me conheceu,certamente, foi durante os anos 70 quando vim morar no Brasil. Conheci muitas pessoas, e Luiz Melodia parece que se dava com a Tina, e era conhecido meu e de meu marido, através de Piau (guitarrista do Grupo Trevas) e Inês, cantora do grupo,a qual, foi uma grande amiga minha, com quem li poemas em teatros no Rio e São Paulo.
Meu pai é estrangeiro e minha mãe brasileira.Por isso fui criada fora daqui. Em 1971 lancei meu primeiro livro no Rio e em Salvador chamado Krikiroa. Em 1967/1968 morei entre Londres, Malásia, Suíça e Noruega, vim parar aqui em 1970.
Abraços
Angela
Posted by: Angela Nadjaberg Oiticica | 03-05-2008 at 00:27