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13-11-2007

Pára o trem que quero descer - Greves francesas, por Nicolas Rouquette


Lafrance Fui surpreendida por um desses Alertas Google, um que resolvi abrir, e descobri que a França está quase de pernas pro ar, certamente sem trilhos ou sistemas universitários.  O Paulo Osrevni, que vive em Paris, seria a pessoa mais indicada para uma opinião abalizada sobre  sanguinolento povo francês, vide a queda da Bastilha e guilhotina para todos, inclusive o Dr. Guillotin, a letra da Marseillaise, em cujos campos os sulcos estarão empapados de sangue e o merdelê que Sarkô conseguiu arrumar em poucos meses de governo.

Primeiro foi a questão do ADN de descendentes de habitantes na França das ex-colônias. É um insulto querer submetê-los a testes para ver se são legítimos descendentes dos refugiados da miséria ou guerras coloniais.  Depois do passo em falso, lá vai ele fazer reparações e dizer que não é bem assim. Se amarra em viagens, o Sarkô.

No caso das greves conjuntas de metrôs, trens, gás e eletricidade, prometidas para o dia 14, daqui a algumas horas, o motivo das greves é a reforma das aposentadorias.  Será que o Sarkozy não percebeu que a França não é USA, onde as férias são de uma semana, com sorte?  A Sigolène, minha candidata pelo partido socialista, está bancando a moderada contra o sindicato dominado pelos estalinistas da CGT, traídores do movimento de 1968.  Espertinha, diz que não é legal atacar assim de sola o presidente Sarkozy.

Enquanto isso, várias universidades estão em greve, algumas ocupadas pela polícia, como Nanterre. Os estudantes lutam pela derrubada de uma lei contra a autonomia universitária, com apoio dos professores e funcionários.

Naturalmente que é exagero meu chamar a situação francesa de Iraque. Entretanto, não é inacreditável o número de situações escrotas que o homem aprontou em menos de seis meses? Se não é o Iraque é o Bebê de Rosemary, podem crer. Aqui o calendário das greves de novembro. Clique.

Agora é hora de chamar aquela gata ou gato para ajudar na tradução do  noticiário do venerável Le Monde.  Curtam o modus vivendi francês nele e no Liberation, mais radical, enquanto vou dormir para estar fresquinha para os comentários desta odisséia. Para completar o dia dedicado aos nossos amigos gauleses, que tal assistir ao clip do filme do François Truffaut, Jules et Jim, onde a bela Jeanne Moreau canta para seus dois amores. Legendas em inglês.


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Comments

_Maga

Tenho a felicidade de ouvir uma rádio que transmite um boletim diário da Radio França Internacional, e tenho acompanhado um pouco da movimentação por lá.

Um fator que chamou a minha atenção com relação ao Brasil: com o sistema de transporte publico parado os franceses tiveram de optar por outras opções para se locomover. Andar a pé e de carro (mandando a ecologia as favas) foram as primeiras opções. Bicicleta e patins vem logo em seguida, as bicicletas, inclusive, haviam ganhado um sistema publico interessante há algum tempo por lá e acho que agora é o melhor momento para descobrir se vai mesmo dar certo. Agora vamos ao Brasil: sistema de transporte paralisa como a gente faz? A pé? Ok. De carro? Para quem tem e pode arcar com as despesas, ok. Bicicleta? Pouco provavel. Riscos de ser atropelado no transito caotico, de não voltar com a bicicleta, de não ter onde deixar a bicicleta, além da dificuldade de locomoção nas ruas pela ausência de ciclovias. Patins? Tá doido? Com a quantidade de buraco que tem nas ruas e calçadas não dá para chegar nem na esquina!

Pois é... o jeito é ir voando para o trabalho. Pensando bem, melhor não, mais seguro ficar em casa...

beijos

tina oiticica harris

No Brasil as pessoas ficariam em casa por todos os motivos citados por vocie, _Maga, no seu excelente complemento ao post. Obrigada. Aqui os controladores de vôo fizeram greve. O presidente os despediu, colocou membros das forças armadas para controlar os vôos dos nossos grandes aeroportos, como o JFK, e perdeu-se o conhecimento técnico daquela geração de controladores de vôos. Logo, tenho a impressão de que uma greve da Amtrack, nossos trens, levaria a demissões e enlistamento de recrutas para piiotar trens. É absolutamente legal furar greve aqui. Viva a democracia!

elisabetecunha

Beijos Tina!
saudades!

Gabriela

Haha, certo que no Brasil o pessoal ficaria em casa, acomodado, caso houvesse uma greve no serviço de transportes.

A França é um país que parece ser tão legal. Greves não combinam com a França...
De qualquer modo, vou lá, rumo ao Le Monde, ver como os próprios franceses retratam sua realidade :) -- sem a Internet, a gente se limitaria a saber muito pouco, e em versões bastante limitadas/tendeciosas - sobre os fatos que acontecem em outras partes do mundo... :P

tina oiticica harris

Gabriela:

Franceses vivem em greve. As notícias é que não chegam ao resto do mundoi. Se amarram em discordar. Bom é pas mal e muito bom é pas mal de tout.

Lembre-se de 1968, onde o M.E. se trumbicou por causa da CGT, dominada pelos estalinistas.

Muitíssimo obrigada pelos comentários. Tenho saudade da hardest working blogger and double major student in Brasil.

Sergio

Olá, Tina!

Pois é, a cada governo mudado de um país há um vendaval de greves e reevindicaçoes. Se a Sigolene vencesse seria parecido.

Um beijo e bom fim de semna

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