Megan Meier - vítima fatal de Anônimos da Net, por Nicolas Rouquette
Megan Meier era uma adolescente gordinha depressiva com treze anos de idade. Seus pais a separaram de uma amiguinha por causa de conta no MySpace sem autorização deles. Com o passar do tempo, deram permissão para que ela abrisse conta própria no MySpace, com supervisão.
Megan ficou toda animada com o aparecimento de um namorado virtual, Josh. Este a elogiava e a enredou até o golpe fatal: caiu na pele dela e disse que ela era tudo de ruim que se possa imaginar. A transcrição final do papo contém uma frase cruel de Josh, o qual havia espalhado para várias outras pessoas sua zoação da Megan.
A última frase de Josh foi: -- O mundo seria melhor sem você nele.
Os pais dela preparavam o jantar enquanto Megan se enforcou dentro do seu armário. É o terceiro caso de jovens que se suicidam por serem vítimas de assédio anônimo na Internet aqui neste país doido.
Neste caso, o absurdo é que foram a mãe da "amiguinha", uma funcionária do negócio desta senhora e sua filha que aparentemente criaram "Josh." Deleitaram-se com os requintes de flertes enredando a menina até que partiram para a jugular.
O Los Angeles Times alega na chamada de capa, clique para o link, que parece não haver castigo previsto para este tipo de crime, crime pessoal, assédio anônimo de outra pessoa. Crimes pessoais são: injúria, difamação, calúnia.
Só que rumo ao final do artigo, uma advogada, a diretora executiva de http://wiredsafety.org levanta a lebre que cortaria o tesão da tragédia se publicada na primeira página. Tom Zé mandou bem sobre jornais que jorram sangue em "Parque Industrial". Disco "Tropicália."
Artifício semelhante do LA Times foi a chamada de capa da revista de domingo sobre Cory Kennedy: na capa a chamada dizia que a menina era famosa na Net e a família nem sabia. A família sabia muito bem o que acontecia; só que se tem que ler com atenção o artigo.
Pois na reta final do artigo sobre o suicído da Megan Meier, vem a lei que pode ser usada contra este tipo de crime: assédio com anonimato na Net. É uma lei federal sobre assédio em meios de telecomunicação que recebeu emenda em 2005.
Esta lei proíbe que pessoas usem o anonimato na Internet com o intuito de chatear, abusar, ameaçar ou assediar outra pessoa.
O fato da mãe da amiguinha, a própria e pai irem ao funeral, oferecerem consolo à família e serem vizinhos de uma garota que eles sabiam que tinha problemas de ajuste social torna este caso hediondo, grotesca prova do pessimismo de Mark Twain quanto à raça humana, no meu entender.
Megan Meiers tinha apenas treze anos.
Vocês dirão que estão no Brasil. Lembrem-se de que a maioria dos casos de Anônimos da Net ocorrem em organismos cujas sedes são nos EUA. O intuito não é de processar ninguém. É de denunciar e remover os indesejáveis que se escondem no anonimato para fazer maldades com outras pessoas.
Mesmo em organizações tipo o fotolog ou Google, há um limite de impunidade do Anônimo da Net. É quando as .com começam a perder dinheiro por causa das mesmas pessoas. Acende uma lampadinha para matar bichos escrotos até no Google.com e derivados.
O meu caso com o fotolog que fingia ser meu com montagens de fotos minhas com copyright e uso de frases de um fórum no orkut, algumas de minha autoria foi resolvido a duras penas, sem advogado, através de e-mails. Quando o Google finge que não se importa de ter perdido o Facebook é claro que é mentira. Até as cores do orkut haviam mudado para combinar com Facebook.
Google perdeu porque Google geralmente ignora queixas de usuários e hospeda um monte de Anônimos da Net, cuja diversão é assediar outros usuários, seja no Blogger, seja no Orkut. Talvez quando Google começar a perder dinheiro se toque.
Deixo aqui a dica do WiredSafety.org, que inclui leis de vários países, inclusive o Canadá. Se você, leitor, acha que é melhor deixar pra lá, pense em uma Internet limpa de bichos escrotos que nada mais merecem que uma chinelada em canto de parede e valem menos que o cuspe de um mosquitinho.
Passou o tempo em que zoadas sobre a minha idade, 55 anos, minha redação ou meu inglês me deixavam iradíssima. Hoje tudo isso é irrelevante. Relevante para mim é tratar bem meus leitores, passar informação útil como esta e me divertir escrevendo.
Bom dia mundo lusófono.
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Nossa Tina, que triste essa história... Eu não entendo o que passa numa mente doente dessas. Credo em cruz.
Beijos
Posted by: Flávia Nogueira | 23-11-2007 at 15:42
Que história arrepiante!!! Tadinha da menina!
Esses merecem mto mais que chinelada, MALVADOS!
Posted by: Daniela Mann | 24-11-2007 at 15:01
Credo. Mais uma prova de que, apesar de a Internet proporcionar relacionamentos virtuais, as coseqüências são mais do que reais...
Quantas vítimas inocentes serão perdidas até que se faça alguma coisa para acabar com a possibilidade de anonimato e subsequente (quase sempre; há muitas brechas a lei) impunidade?
Posted by: Gabriela | 25-11-2007 at 05:54
A SaferNet brasileira deveria contatar essa organização USA, que tem afiliadas em todos os países possíveis. A maioria dos problemas ocorrem em organizações Google: orkut, Blogger, YouTube, MySpace. O fotolog é "powered by Google." O dia em que a mídia daqui for menos covarde e lembrar que há leis coibindo abuso na Net, as coisas melhoram. As pessoas precisam saber dos seus direitos. Seria legal se a SaferNet entrasse em contato com a WiredSafety.org. Gostaria de estar viva e na Net para ver esses bichos escrotos esmagados.
Posted by: tina oiticica harris | 25-11-2007 at 06:10