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novembro 2007

29-11-2007

Manuel Joaquim, um Anônimo na Internet, por Nicolas Rouquette

Manuel Joaquim, de uma aldeia de Portugal, resolveu voltar para casa de tarde, direto da colheita, para umazinha com sua querida Maria. Eis que Manuel Joaquim vê a Maria com seu melhor amigo, o Antôno Francisco, rolando em um montão  de feno em uma carroça estacionada bem em frente à sua casa.
O sangue de Manuel Joaquim ardeu-lhe nas veias. Era lusitano e não um desses mouros famigerados que seus antepassados expulsaram da terra lusa. não iria chicotear sua Maria --sua? -- ou colocá-la entre grades. Não, passar-se um atestado de corno não era a solução.
Manuel Joaquim foi consultar um amigo letrado, que até monóculo usava. O Fernando Lopes e Souza disse-lhe que a solução era simples. Era só difamar a Maria em uma carta anônima no jornal local.

--Antônima? perguntou o Manuel Joaquim. (parecia palavra de escola.)

--Não , meu caro Manuel Joaquim. A-nô-ni-ma. Tu escreves uma carta que fale mal da tua Maria e não assinas teu nome. Assinas "Anônimo". Envias a carta ao jornal. Contarás detalhes escabrosos, sexuais, que o jornal publica. Quanto mais sexo melhor. A humanidade é podre, meu caro. Agora devo retornar aos meus livros, algo mais? Precisaria de alguns escudos para meu vinho noturno, tens algum dinheiro?

Manuel Joaquim enfiou a mão esquerda no bolso, meio que a contragosto.  Puxou umas notas cuidadosamente dobradas, desdobrou-as, contou-as e separou um montante para seu amigo letrado.

Foi para sua casa, já no final do dia. Cabisbaixo, disse que Maria o deixasse só. Que saísse, ora.  Uma vez só, tirou seu lápis e uma folha do bloco de contas da casa e começou sua carta anônima ao jornal.

Prezados Senhores:

Tenho o grave dever de informar-lhes, anônimo, que minha mulher é uma rampeira, uma rapariga sem escrúpulos. Minha mulher me trai com o meu melhor amigo, bem em frente da minha casa, à Rua Que Sobe e Desce, número 41. Eis que Maria do Manuel Joaquim dorme com outro, sufoca o gajo com o calor de seus beijos. Vi os corpos entrelaçados em frente da nossa casa, esta tarde. Maria do Manuel Joaquim não deve fazer parte do nosso povoado.
Corro grave perigo de vida. Tenho que contar o que minha esposa faz enquanto trabalho.

Atenciosamente,

Anônimo

No dia seguinte à publicação da carta "anônima" Manuel Joaquim levou um tiro anônimo. Foi enterrado em cova rasa, com ligeiras lágrimas furtivas em um lencinho de sua Maria, amparada pelo anônimo amante, o Antônio Francisco. Dizem as más línguas que o Fernando Lopes e Souza serviu de testemunha para as novas bodas de Maria.

Portugus

A hipocrisia na Internet, por Nicolas Rouquette

Quisera que algum dos meus assinantes me dissera antes que meu feed é incompleto para que tivesse feito alguma coisa a respeito. Soube hoje. Mais tarde espero ter um feed completinho para todos que curtem o Universo Anárquico e o Anarchic_Universe.
Um grupo de Anônimos da Net abriu um novo fotolog "meu", desta vez na Irlanda. As leis da Internet quanto a impersonar alguém e direitos de copyright são as mesmas na Irlanda como nos EUA. Já foi reportado à companhia. Aliás seu sumiço no Fotolog.com deveu-se à minha denúncia, também, assim como o fórum de um treteiro desde a mais tenra idade foi proibido em todas as versões em que se tentou abri-lo no Invision.Free. Denunciei-o também. Não tenho vergonha de comunicar a quem de direito seja que meus direitos estão sendo violados. O pior que pode acontecer é ter que lidar com Google e seus tentáculos:  orkut, youtube, e por aí vai a lista.

Não gosto de apostas mas creio que chegará o dia quando indivíduos acobertados pelo anonimato serão banidos da Internet. Neste ínterim, vejam que covardia:

YouTube suspendeu os direitos e vídeos de um ativista de direitos civis no Oriente Médio que usava o YT como veículo de denúncia de crimes, a maioria tortura. É uma decisão fácil quando temos uma crise de petróleo aqui nos EUA e uma guerra impopular no Iraque. Por quê deixar que sejam exibidos vídeos de torturas em países miguxos?  Que horrível. ( fonte: CNN, esta tarde.)

Muito mais lucrativo mostrar a Britney Spears dirigindo com bebê no colo ou atropelando papparazzi. Que tal um video de uma canção  Do Cara, segundo o Bic Azul, que mudou de casa e sua casa nova está aí para quem gosta de poesia. Eddie Vedder canta "Masters of War." Letra aqui para fins educativos.

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28-11-2007

De uma porta, a ponte Golden Gate ao longe, por Nicolas Rouquette


Alcatraz 2
Originally uploaded by anarchic_universe
Esta foto é uma foto de Alcatraz, a famosa prisão de onde ladrões ou mocinhos de Hollywood escapavam. Este vão deve ter sido de uma porta de aço, guardada por dois guardas bem fornidos.

Hoje Alcatraz é ponto de turismo para crianças em idade escolar, que vão em excursão de turmas inteiras ver a prisão no Rochedo e os pontos turísticos de San Francisco, a cidade mais simpática dos EUA.

Ao longe vemos a Ponte Golden Gate.

Tags: San Francisco, Alcatraz, Flickr_Blogging, Golden_Gate Bridge

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27-11-2007

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26-11-2007

Sábado no Largo do Machado, por Nicolas Rouquette

Zeca acordou com dor de cabeça e gosto de guarda-chuva na boca. Não reconheceu o apê onde estava. Sentiu que estava nu, apalpou o que pensou poder ser o babydoll da Jacinta (símbolo de recato e decência) e deu com o tato em uma bunda redonda, africana, empinada, e -- êpa! com leve penugem. A ligeira presença de pelos dizia-lhe que esta não era de mulher. De fato, ao seu lado, enroscadinho estava um negro luzidio, um Adônis de ébano, sonhando ainda com as delícias...(Quais? pensou José?)
Sua vista devia estar embaçada. Apalpou o colchão para o outro lado e lá estava uma ponta da Jacinta, nua, toda nua! Podia adivinhar a nudez pecaminosa.

Zeca e Jacinta se tinham prometido castidade até o casamento, quando voltassem a Marechal Deodoro, Alagoas. Eram fanáticos religiosos, desses que acham que o Apocalipse está na esquina e interpretam como podem a Bíblia Sagrada. Pobres os dois, ouviam
nos seus radinhos de pilha os pastores pregando o fim do mundo e a necessidade de pureza . Contribuiam o que podiam para a salvação própria e a do mundo  prestes a chegar ao fim. Zeca trabalhava na obra do hotel de luxo na Rua General Glicério. Jacinta era babá de um menino hiperativo, hiper-abusado e hiper-assanhado na Marquesa de Santos.

Todos os sábados iam ao Largo do Machado, antigo reduto do Café Lamas de velhos carnavais, do tempo em que Laranjeiras era bairro nobre. Já fazia tempo que Laranjeiras era quase uma Zona Norte quase perto do mar. A favela de Dona Marta dava volta de Botafogo no seu cume e descia para as ruas mais nobres do ex-bairro nobre. A presença de negros, índice de pobreza no Brasil, exceto na Bahia, era comum diariamente, não só em dias de feira.

No sábado de folga, iam os doisa ao Largo do Machado, para fazer planos da volta ao nordeste, do casório, iam ver as vistas, as flores, espraiar as idéias.

Mas quem poderia ser aquele homem negro em um colchão jogado no chão de um apê onde mal entrava a luz?  Zeca começou a orar, pois evangélicos não rezam, oram preces. Sua língua pastosa brecava as palavras; seus olhos evitavam cobiçar o corpo nu da Jacinta. Levantou-se lentamente. Não queria que Jacinta acordasse para esse tipo de espetáculo: dois homens nus. Tentou orar, foi ao banheiro, essa foi fácil, o apê era um J.K. -- Janela e kitchinete. De volta, viu que havia uma comigo-ninguém–pode em um canto da cama e espadas de São Jorge em outro. Não se conteve com as provas cabais de macumbeiro no recinto, soltou um grito que lhe saiu fininho(era a língua espessa):

-- qwsjqojewjeo ... São Jorge!  qoijensdowdiefoi... comigo ninguém pode!

Espreguiçou-se e sentou-se no colchão o próprio, o Seu Jorge, da feira de sexta na Praça São Salvador. Vendia peixe. Dizia que gostava do cheirinho. Alto e esguio, bocejou e falou em sua voz de falsete:

-- Contigo  ninguém pode mesmo. Arromba. Qualquer um. Eu que o diga. Mas me vinguei. -- Mostrou seu sorriso perfeito ao Zeca, pasmado com o horror que imaginava ter-lhe acontecido.

O Jorge, que era macumbeiro, cachaceiro, mas gente boa, teve peninha do Zeca. Levantou-se, passou-lhe a mão direita na terra de ninguém e murmurou-lhe no ouvido: --Não foi bom?

Zeca pulou para trás. Queria dizer que havia sido horrível. Não se lembrava de nada. Aquela mão cujos dedos longos o tocavam deu-lhe arrepios. Não eram de todo desagradáveis. Tremeu. Quis pular pela janela. Estavam no térreo. Fez de conta que era católico, com o sinal da cruz berrou a plenos pulmões:

-- Arreda Satanás! Arreda, capeta! -- Tinha que admitir que o Satanás era bem apanhado, vistoso, ai, Senhor! E a Jacinta, símbolo de recato e decência?

Esta era muito da safadinha; se fingia de morta ao mundo exterior. Ser sonsa faz parte de ser virgem quando não se é a Virgem Maria. Sentia seu corpo por baixo dos lencóis e roncava de leve. Passava na cabeça  as delícias da noite na casa do Jorge,
em câmara lenta.

Quem comeu quem não interessa. O que interessa é a mudança de comportamento no Zeca, cujo nome verdadeiro era Ezequiel, e na Jacinta. Mudaram de estação de rádio no trabalho, para alívio dos companheiros de obra e da patroa. Jacinta tingiu o cabelo de vermelho escuro e o frisou também. Passava agora por mulata e trocou seu nome para Rosinha. Zeca trocou seu nome oficialmente para Lúcio. Sentiu-se possuído pelo demo e não teve jeito. Acabou fazendo residência no sanatório de Jacarepaguá e dizem que de lá abriu um blog," A Noite com o Capeta", em que diaramente conta o mesmo post. É sucesso publicitário. Sociológos e antropólogos antenados discutem a nova tendência bloguística criada por Lúcio, como se um montão de blogs não fossem uma repetição disfarçada. Enquanto escreve, Lúcio baba no uniforme. De dia ajuda nas eternas obras da instituição, aberta em 1923.

Rosinha aproveitou uma amansada na rivalidade das tribos étnicas brasieliras e gravou um baioque. Um compositor legendário gravou-o também. E o Jorge? Toca atabaque para Rosinha ou toca o que rolar. Vocês não me acreditam? Aqui está a prova. Clique, por favor!

(História inspirada vagamente em "Young Goodman Brown" de Nathaniel Hawthorne - leia coladinho(a) àquela pessoa querida e anglófona.

alagoana.jpg

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25-11-2007

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24-11-2007

Abuso de mulheres no Brasil -- Pará, por Nicolas Rouquette

O Síndrome de Estocolmo, um dos primeiros grandes blogs a lincar o Universo Anárquico, tem uma notícia pavorosa sobre o estado de abuso das mulheres no Brasil. Quero dar a oportunidade a vocês, em primeiro lugar às minhas leitoras, para conhecimento deste caso. O que é triste é a síndrome em que as vítimas passam a ser algozes. Exemplo disso é o de países, que, de vítimas passam ao genocídio de viznhos. Ou de pessoas que zoam morbidamente. E de suas vítimas que não se conseguem afastar do zoador. Estudos vários indicam que ambos, zoador e vítima, foram zoados implacavelmente quando crianças.

Aqui es†á o link do Síndrome de Estocolmo. Denise Arcoverde, a dona do SdeE mantém de D.C. vigilância referente aos assuntos da mulher no Brasil. Seu trabalho ao longo dos anos é nada menos que admirável. Confiram.

Caso de abuso no Pará. Cliquem, por favor.

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