Os Mutantes Hoje - Que é rock geriátrico?, por Nicolas Rouquette
(Vide atualizações abaixo: comentários abertos )
Tina Oiticica está a caminho de um geriatra, mas not so fast, cowboy! A Carlota, minha amiga que "se manteve" nunca usou nada que água que passarinho bebe. Ficou diabética mas vigia, como vigio eu. É figuraça, cheia de estórias do Brooklyn, NYC.
O que é importante entender é que nossa casca, o corpo, seus neurotransmissores, vem programada. É papo de "The Matrix" mesmo.
Muitos de nós cinqüentões vivemos no passado da glória dos Stones e Beatles. Tô fora, meu. A fonte da juventude na minha vida é blogar e ler, dirigir o jardim, a casa e fotografia. E me esqueci: o tal do roquenrou.
Morei em apê apertado até o nascimento do meu filho, grande que nem melancia do Mississippi. Quase quatro quilos.
A vida para quem não estagna é cheia de descobertas, crescimento cognitivo. É esta para mim a essência do roque. Gosto de MPB, gosto de um montão de estilos musicais embora cante fora de tom. Sou rock core, bicho.
Os Mutantes foram parte essencial da minha adolescência.
Arnaldo acho que sintetiza bem em Cê tá pensando que sou loki e Rita em Ovelha Negra os
sentimentos amargos da reflexão do preço caro da liberdade dos anos
60-70. O Pier do emissário submarino de Ipanema, seguido das Dunas do
Barato. Caminhadas na praia até o Arpoador, shows de Pepeu e seu lado
feminino, a estréia de meia-noite do Easy Rider, FIF com filme de dar
dor na bunda, do Godard, "Sympathy for the Devil."
Nós, os cinqüentões, estamos a um passo da geração Payssandu. Somos os
wannabes mandados pra casa cedo, ou então com desculpas para ver o sol
nascer na praia na altura do Jardim de Allah. À frente do ranço MPBista.
Somos da geração das tristonhas melodias de chapas estudantis maoístas
pecebonas fidelistas nos anos setenta. Fui Libelu e sou ainda crente na palavra do
Lev. As nossas festas, onde drogas eram proibidas, rolavam ao som do
rock. Éramos secundaristas bêbados de tesão, unversitários de
arquitetura e artes.
Elegantes, entusiasmados, fantasiados de rebeldes, gritamos na boa a
palavra de ordem "Abaixo a Ditadura!" O Rio estava tão devagar que um
paulista veio em uma assembléia de 6,000 na PUC-RJ orar o "Abaixo a
Ditadura!" Sérgio Dias replicou o discurso libellule no aniversário da
cidade de São Paulo. (Vide YouTube do Sérgio vestido de Dom Pedro I. Mantém a música, 2001 e manda um discurso político.
Somos fãs dos geriátricos, uma auto-análise de Rita Lee porque me
desculpem, eles são bons pacaramba. Rita gosta do rótulo. Sou
geriátrica, tenho 60 anos, ainda não, Rita Lee. Sessenta com milagre no dia 31 de dezembro de 2007.
Esse tal de roquenrou nos conservou vivos.
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Sem nostalgias ou demagogias.
achei perfeito a descrição.
sou faficheira,tomadora de chpp do maleta, ovelha negra da familia até hoje.
vc tem razão, mas quem me manteve viva e presente foram minhas piaxões e minhas filhas. e com elas, o rockemroll...
Tina, grande desafabo.
54, em 12/12/....
Posted by: marilia | 02-10-2007 at 08:38
gostei e linkei!
bjos
Posted by: marilia | 02-10-2007 at 08:43
Estou devendo um texto sobre os mutantes lá no Busilis. Pagarei essa dívida em breve. Abraços!
Posted by: Moziel T.Monk | 02-10-2007 at 10:53
Amei este seu post. Eu era um pouco mais novinho nessa época (não muito, tenho 41 anos hoje) e consegui sentir o clima neste seu post. Excelente.
Posted by: Mário | 02-10-2007 at 12:11
Queria ter tido uma adolescência assim... :)
Minha adolescência foi (e em certa medida, está sendo) tão... asséptica. Nada de música, nada de excessos... :/ :P
Posted by: Gabriela | 02-10-2007 at 19:29