Masculin, Féminin e Loulou; paralelos e contrastes , por Nicolas Rouquette
Enquanto via "Loulou" ontem à noite, lembrei-me de "Masculin, Féminin", que vi no cinema duas vezes recentemente. Enquanto "Loulou", dirigido por Maurice Pialat, ganhou a Palm D'Or, "Masculin,Féminin", dirigido por Jean-Lu Godard imortalizou a expressão "geração Coca-Cola" embora no filme seja "Pepsi" por veto da Coca-Cola.
Em "Loulou", um filme de 1980, uma pequeno-burguesa entediada se enche do marido e patrão. Vai pra cama com o corpulento e viril Gerard Depardieu, um voyou(desocupado, vive de pequenos furtos, um dos termos que Sarko-Fasho usou em relação aos oriundos do norte da África.) De uma noite de sexo deicide-se. Vai viver com ele.
Em "Masculin, Feminin" de 1966, Jean-Pierre Léaud é um poser marxista-maoísta que se apaixona por uma cantora, melhor dizendo, aspirante a cantora. Ele tem aspirações a ser o Jean-Paul Belmondo de "O Acossado" (A Bout de Souffle), filme policial do Godard, film noir, de 1959.
O triângulo amoroso é de duas mulheres e ele, deslocado por estar o tempo todo racionalizando e interpretando tudo. Ele é como um amante que descreve o ato sexual durante o ato, "Ah, estou penetrando bem profundo, acho que é o G-spot". Ou seja, é mala. Quer trepar? Enterra e cala.
Em Loulou todo mundo menos o corno vive do nada. Bebem, fumam Galois, comem e furtam. Briga em bares, mais trepadas da burguesinha com o touro Depardieu. Ele é realmente grande. Ela está a fim dessa vida, mais emocionante que a de preencher formulários para um marido babaqüera, até a hora em que se vê grávida. Loulou promete arrumar um emprego quando o bebê nascer.
Enquanto isso, no "Masculin,Féminin" as duas mocinhas vão de papinho e Jean-Pierre Léaud descola um apê bem legal; mudam-se os três. É evidente que ele é quem é o noves-fora-zero.
Em "Loulou" a burguesa opta pelo aborto pois não poderia sustentar três pessoas. Ele fica meio putinho mas "a vida é assim" dizia o Nélson Rodrigues.
Em "Masculin, Féminin" Jean-Pierre Léaud cai da janela. Suicídio? Complô das duas amigas? É uma questão em aberto deste filme em quinze atos a dois anos de 1968, uma revolta mundial, expressada no "É proibido proibir" de Caetano.
Em ambos os filmes ninguém faz nada, trepam, bebem e fumam. "Loulou" deve ter sido considerado avant-guard por retratar o lúmpen-proletariat, que às vezes fascina as burguesas; vide "Belle de Jour" onde Catherine Deneuve se apaixona, mesmo sendo prostituta de tempo parcial, pelo Pierre Clementi, um pervertido de sorriso blindado.
"Masculin, Féminin" usa a língua e a música da "geração coca-cola." Em "Loulou" a expressão é o baixo calão contínuo ou atos físicos, de violência ou sexo.
Ambos mostram os subúrbios de Paris, ou quartiers completamente desprovidos de charme. Encontrei alguns clipes de "Masculin,Féminin". "Loulou" nada. Acho que têm medo de um monte de mulher sair correndo atrás do jovem Depardieu, cuja vida real foi parecida com a do Loulou.
Masculin, Féminin 1
Masculin, Féminin 2
Masculin,Féminin 3
Masculin, Féminin 4
Masculin, Féminin 5
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amei ...
só deu pra ver um clipe..
genial o resgate.
bjos. melhoras.
Posted by: marilia | 16-07-2007 at 11:48