E assim, chega ao fim... Noites Cariocas, por Nicolas Rouquette

Gabriela Zago não me deixou na mão.  O quê já vi é que os acordes iniciais de orquestra de Panis et Circensis são do Repórter Esso.  Ele era o Gontijo Teodoro.  Escreveu livros, há uma  foto mínima do repórter, que se repete a cada site que abri.

Como ter um "Museu de TV" sem som e sem MPEG ?  Nossa TV ficava na sala de jantar, a formal.  E outra no quarto de minha avó.  Usávamos o rádio na hora do jantar.  Depois era o ritual do Repórter Esso. Escrevi antes aqui que ainda havia "I Love Lucy" com legendas.  Via o programa nos States.  Uma de nós duas nasceu quase junto com o filho ou filha da Lucille Ball.  Gostava do programa.  A morte dela por causa de cigarro, um pouco antes de uma entrevista com o Dick York, o marido da feiticeira, "Bewitched", ele morrendo de enfisema, foram o impulso para a primeira vez em que parei a sério de fumar. E aí?  Caí na besteira de fumar um cigarro com o carinha que nos vendeu a casa. Ou seja, de 1989 a 1995 não fumei.  Depois, parei várias vezes.

A indústria do tabaco é tão poderosa que no YouTube dizem que ele tinha um problema nas costas. Sobre o enfisema nada.

É horrível ver o país apodrecendo por falta de ética, falta de competência da força de trabalho ou mero descaso.  Estamos nos últimos dias de Pompéia, um filme porreta que passou no Cinema Olinda, na Praça Saens Peña, Tijuca.  Era a fase dos filmes toscos de gladiadores, e agora tem o quê? Mais gladiadores.  O primeiro filme de verdade que vi foi Ben-Hur. Tem uma cena  com leprosos de que me lembro até hoje.

A memória pode nos enganar.  Aquele namorado pintoso, um gênio, na verdade não passava de um homem feiozinho, medíocre; onde estava tua cabeça, criatura?

Talvez esta idade indo ladeira abaixo me faça ter o cérebro assolado de fragmentos de memória.  Faço 55 dia 9 de julho. São memórias de jingles do rádio, de programas da TV.  Pena que o Coronel não possa mais contar suas estórias.  Conheci muita gente na Bobo, onde dava quinhentas aulas.  Professor particular vira psi com salário e servitude de professor.  Sei de cada estória fantástica.  Se as pessoas mais jovens passassem tempo ouvindo leros dos velhinhos, quanto a mais aprenderiam.  A história no Brasil morre, nossa cultura com eles; nossa identidade cultural também.

Eh, bumba-yeh-yeh-boi, ano que vem, mês que foi.   ( link da letra de Geléia Geral, Torquato e Gil, link de paper da Professora Dra. Santuza Cambraia Naves sobre Ritmos Tropicália/ Bossa, link do penetrável Tropicália do meu primo H.O. texto, bio, etc.)

Até amanhã, se Deus quiser, dizia o Noel Rosa.  Gabriela, me dá um chá, por favor?

Comments

[maria]

"É horrível ver o país apodrecendo por falta de ética, falta de competência da força de trabalho ou mero descanso." Brilhante todo o post. Quem dera nessas alturas que a memória se apagasse mesmo, porque lembramos coisas a mais, será? Ser cínico e sorrir num dia de sol inconsequente ou fazer a revolução que os outros não querem, lembrar ou esquecer que temos - quais - objectivos? Universo anárquico, escrita surrealista, dá gosto pensar que existem blogs que agitam. Um abraço.

[Gabriela]

Estou tentando reconstruir como era a realidade na época do Repórter Esso a partir dos teus relatos, e dos videozinhos simplórios que tem lá pelo YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=cIMYaYuoLkk
esse fala mais dos tempos de rádio do programa
http://www.youtube.com/watch?v=O51qmZeJh4g
esse outro tem alguns trechos em vídeo que passaram na globo em 2000
quase nada, mas é algo :)
Falta um vídeo com, sei la, um programa inteiro do repórter esso, para poder ver exatamente como era :) Vou continuar procurando :P