Hoje tem...Os Mutantes!, por Nicolas Rouquette

Abobrinhas cariocas.  Onde estou há vários espécimes do povo brasileiro dignos de nota.  Acho que pode até ser aquela piadinha infame do lugar idílico sem furacão ou terremoto ou nada de desastre natural; o anjo Gabriel se indigna e Deus responde:--Ah, você vai ver o povinho que vou botar aí...

É bonito, é agradável, simpático, vocês sabem que o Rio ganhou  uma pesquisa do pessoal que mais se dispõe a ajudar uma pessoa na rua.  Nova York e Los Angeles na rabeira.

Desde ontem queria escrever um post sobre o Judas do sábado de Aleluia.  Neste sábado o pessoal chega na tumba e ela está vazia.  No domingo o Jesus aparece subindo aos céus ( é sempre no plural) de corpo inteiro.

Primeiro quero deixar um ponto  que me intriga.  Se estava pré-destinado que Jesus fosse entregue aos Romanos, e é isso que faz o Judas, com o beijo da traição e os trinta dinheiros ( moedas), por quê Judas é castigado e levado ao suicídio, para o qual o mau karma é certo?

Fechado este ponto filosófico, vamos ao Judas de sábado de Aleluia.  Era garotinha nas Laranjeiras.  Vi muitas vezes os bonecos de jornal e trapo pendurados em frente ao açougues, padarias, quitandas, os estabelecimentos que provocam a raiva do povo, dos nossos compadres lusitanos, Manuéis, Antônios, e Joaquins da vida.  Ao lado dos Judas, listas da roupa suja de todas as comadres do bairro, de chifres, que eu não entendia, a meleca do nariz dos filhos, que eu entendia.

Os bonecos eram malhados com cacetes, impiedosamente.  E levavam porradas até que se desfaziam nas calçadas.  O comércio estava fechado e os compadres em casa.

Só que hoje, por alguma razão esta imagem, que tem conteúdo anti-semítico, claro, fundiu-se com a imagem horripilante dos pedaços de corpos carbonizados de quatro trabalhadores contratados para ir para o Iraque.

Daí para as vítimas de esquartejamento que queriam um país livre, um pulo pra trás no tempo.  Os judeus, ciganos, os heréticos, que ou pegaram fogueiras da inquisições portuguesa e espanhola ou mudaram seus sobrenomes para nomes de árvores ou metais, mais vítimas da intolerância humana em nome de um deus.

Logo, depois de amanhã, a gente finge que está celebrando a promessa do Cristo, enche a pança de pernil e chocolate, finge que vai a missa mas vai ao futebol.

Por quê não, por quê não?

Comments

[Kah]

Nunca entendi muito esse de lance de malhar o Judas, e menos ainda por que Jesus tinha que morrer de forma tão cruel, me dá nó na cabeça de pensar que um Pai entregaria o Filho prá sofrer tanto assim, mas vai lá.Te desejo uma Páscoa recheada de bons sentimentos, com muito amor a sua volta.Beijos!!!
PS:quem é esse menino lindo?