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22-03-2007

Um americano em Paris, por Nicolas Rouquette


Pois que estavam gozando as férias de suas vidas John e Susan Grossly.  Filhos criados, bodas de prata passadas, finalmente realizavam um sonho: visitar a Cidade Luz, a torre Eiffel, Montparnasse, le boulevard Saint Germain, estavam com suas cabeças em torvelinho, mais sarandados que mariposas em torno de uma lâmpada.
Uma tarde cinzenta, pois infelizmente é assim o clima de Paris, a Mrs. Grossly se desculpa e vai tirar uma sesta.  Ah, a oportunidade de ouro que se apresenta ao Mr. Grossly, que o dia que aparecer homem direito pegam pra Cristo, de novo. Mr. Grossly sabia através de suas leituras da existência de uma rua só de senhoritas fáceis.  É a tricentenária rue Saint Denis, que já começa a esfolar homem cretino na saída da gare du Nord, uma das quatro centrais de trem parisienses.
Sem medo de gonorréia ou de chatos ou de qualquer outra doença venérea, lá vai o gringo pra rue Saint Denis.  A oferta é vasta.  Umas aparentam experiência excessiva, com seus peitos batendo nos joelhos, lábios puxados de tanto ... vocês imaginam.  Outras são jovens demais, dariam a impressão de que estaria comendo sua filha.

Quase no fim da rua viu uma ruiva espetacular.  Cinturinha de vespa, peitos de Scarlett Johannsen, biquinho de Brigitte Bardot. Pernas longas como as de Uma Thurman, bundinha como a da ... bem, não se pode querer tudo.  Mas tinha sardas, como a Liv Ullman, seu amor de adolescência.

Aproximou-se da senhorita, que examinava sua bolsa de um metro por 80 centímetros, como se não soubesse das más intenções do gringo.  Perguntou o gringo quanto era.  A senhorita de péssimas intenções lhe disse que fazia negócio por 150 dólares.  Mr.Grossly retrucou indignado:

--Cento e cinqüenta dólares!  Quê isso, dou-lhe trinta e olhe lá.

Os trinta dólares do Mr. Grossly não compraram nem dez minutinhos com o jaburu mais velho e decadente  da rue Saint Denis.

Voltou ao seu hotel, um hotel simpático, onde  vários de seus compatriotas haviam pernoitado.  Saiu de noite com sua esposa, andavam pela Place du Vôges, onde morou Victor Hugo, mas pensava ele "Foda-se o Victor Hugo e os Miseráveis e o Corcunda de Notre Dame."  Estava submerso em pensamentos carnais.  Nisso vêem um restaurante mínimo de comida do sudoeste francês. "Ah, ao menos isso..."  A espera era longa, diziam que l'Oulette valia a pena.

Quando finalmente entram no minúsculo restaurante quem está lá?  A ruiva com um senhor avô do Matusalém.  Ela olha bem pro Mr. Grossly, funga uma fungada de fim de carreirinha, faz um biquinho de desprezo e diz:

--Voilà, Monsieur,  é isso --e meneou a cabeça em direção à Madame Grossly-- é isso que o Monsieur compra com seus trinta dólares, humpf.

No dia seguinte Mr. Grossly estava na joalheria Cartier, com Mrs. Grossly.  As jóias são a penitência dos homens com culpa no cartório.

Blossom_spring_07

(Adaptado de um livro que sumiu daqui e não existe mais, Jokes for the John, autor desconhecido, data de 50/60.)


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Comments

natália

Além de sem vergonha o velho era murrinha... Haja paciência!

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