Piadas indecorosas para quebrar o gelo, por Nicolas Rouquette
Vocês já viram lá na rabeira da lista o blog do Doutor à Toa? É muito engraçado. O Doutor à Toa declarou-se; estou pensando quê seria viver de papo pro ar balançando numa rede. Eu o balanço e ele me balança. No meio do mato... Ele é uns quarenta anos mais novo que eu, que faço 69 todos os dias.
E daí? Roma não foi feita em um dia. Doutor à Toa deve ser arquipélago arqueólogo; o marido da Agatha Christie era. O Doutor gostou tanto de mim, e gosta, que vem um trocentão de gente para o Universo Anárquico, tudo do seu blog, que me mata de rir. Ele teve a paciência de correr atrás do meu banner, feito pelo Eudes, da Rapadura. Meu banner é raridade, viram?
Estou bolando alguma promoção blogueira aqui, dentro das minhas possibillidades. Uma distração para alegrar os corações da galera que freqüenta o Universo Anárquico, o Anarchic Universe, o UA ou o Anarchy Across the Universe. Chega de bloguices. Às piadas.
"Era um casal casadíssimo há sei lá, uns quase cinqüenta anos, casaram cedo. Aquele casamento onde vai a corda vai a caçamba. Um completa a frase do outro. Todos os conhecidos achavam aquele casamento o máximo. Todo o mundo menos eles, o casal. Tinham enchido o saco dos peidos um do outro, arrotos, soluços, hálito, não havia restado nada do amor de outrora. É o costume, o medo, a imagem. Convenções e medo os prendem.
Um dia tomaram coragem e se divorciaram. Ufa! Que alívio a cama só para si mesmo, nada de cobertas puxadas, roncos, gemidos na hora daquilo, esperas pelo efeito da pílula azul. Os dois passaram vários meses radiantes pela separação.
Uma bela noite carioca, sem bandidos, todos estes ocupados com os paulistas de bobeira vendo eclipse da lua na praia, que bravo o povo bandeirante, não é não?--encontram-se os -ex em uma vernissage ali na Praça General Osório. Vernissage, para quem não conhece o neologismo, não, é galicismo, é uma festinha com canapés tão gostosos quanto permite o bolso do mecenas que financia o artista cuja arte está em exposição para o pessoal da elite. Ou seja: arte nas paredes, artista presente, rapapés, mecenas de ouvidos aguçados, e a fauna e flora da alta sociedade carioca; comidinhas e drinques. Um pouco do bas-fond pra dar um gosto de festinha: putinhas, futuras celebs praticando soixante-neuf com diretores,lea mesmo, no carro, depois; pessoas alegres, o álcool correndo, Chivas e tudo mais, intelectuais tímidos sentados embalando seus copos enquanto seus iPods continuam a tocar Fall Out Boy, uma dessas músicas de metrossexuais, tudo indie. Perguntem ao Marcus, A Grande Abóbora.
Ávila estava na vernissage procurando uma peça que pudesse vir a ser obra de arte pra valer e valer muito mais no futuro. Eis que encostada em um pilar na esquina da galeria está Joana, sua mulher, oops! Ex-mulher. Cruzaram olhares. Ela, apesar da lei da gravidade, tinha tido seus tratamentos na Rua Dona Mariana. Continuava apetiitosa ( Mas é chata que dói, pensou. É, mas é só para comer, seu debate interno seguia.) Ao olhar de Joana corresponderam só boas lembranças: sua pulseira da Tiffany, diamantes a cada polegada, suas jóias de pedras inegualáveis da H.Stern. Passeios, viagens, "Sempre teremos Paris" que nada. New York, New York. Melhor só Bel Air, onde um grande diretor era apaixonado pela arte também. Lá ela e o marido, quer dizer, o ex- tinham uma casa de hóspedes só para eles. Ah, que compras fantásticas em Beverly Hills. Que hotéis, quanta carne fresca na espera de uma oportunidade, enquanto serviam nos restaurantes e salões de hotéis, tentações.
Foram andando um em direção ao outro, com cuidado para disfarçar a meta. Quase deixaram cair uns respingos valiosos de um Johnny Walker Black Label. Fingiram surpresa, trocaram perfumarias, nem ele pareceu tão asqueroso aos olhos dela, nem ela tão chata aos ouvidos dele.
Foram Ávila e Joana esticar juntos. Se a curiosidade matou o gato, era ele quem ia comer a gata. Escolheram um bar-restaurante na Lagoa. Íntimo, intimista, escuro que nem inferninho. Ávila já tinha traçado seu plano para melhor traçar Joana. Esta um pouco tocada pelo scotch não quis tomar scotch inferior. Partiu para a bebida da sua mocidade, a Cuba Libre, rum com Coca-Cola.
Estava bem entoxicada quando o pulha do Ávila a caregou para sua garçonière no Alto. Ávila a despiu, cada centímetro quadrado daquele corpo contava-lhe um conto. Ela mal discernia o rosto dele. Não sabia o que fazia; sentia ondas de calor reconfortante, de algo que conhecia, prazer...
Não perdeu tempo o Ávila; começou a carcar sua ex- paulatina e seguramente. Ela dura como um dois de paus, rígida. Ele também está cansado. Ela não dá um sinal de vida. Ora, que ele sente uma tremelicada ? Pode ser? Anima-se e pergunta:
--Joana, e se você se virasse para me dar esse teu
rabisteco remodelado?
--Só por cima do meu cadáver!
--Vejo que você não mudou. Mortinha da Silva. Deve ter sido um caminhão que estremeceu a rua.
E daí se confirmou a expressão "Lá na casa da mãe Joana." Onde ninguém manda. Não confundir com "Lá no cu do Judas." Esse lugar é qualquer um além-túnel no Rio, exceto a Tijuca, Grajaú e áreas adjacentes. Cu do Judas é Xerém, por exemplo. Achei um site muito bom sobre o português do Brasil e a cultura brasileira. Vale a pena ler aos poucos. Cultura popular. Clique, por favor.
Mais outra? E vamos lá.
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Muito bacana o site de cultura popular. Tem expressões que a gente usa e nem sabe de onde surgiram! :)
Posted by: Gabriela | 11-03-2007 at 08:29