O quê é doença mental?, por Nicolas Rouquette
No Brasil, além de existir o maior preconceito em relação à doença mental, os psis ainda estão em grande parte seguindo filosofadas de resolução de problemas através de "análise" ou terapia da palavra.
Aqui nos EUA, talvez tenhamos que dar salve-salve ao Woody Allen por popularizar a "análise." Por outro lado, a terapia da palavra já era. Vamos e venhamos, camaradas. Depois de uma certa idade a gente perde o direito de "culpar" pai e mãe por defeitos da vida ou de fabricação. Somos nós os que fazemos nossa vida simples ou complicada.
A doutora bisneta do grande revolucionário russo Lev Bronstein anda pesquisando três dos maiores neurotransmissores no cérebro. Ela trabalha no MIT. Sua meta? Acabar com os problemas de vícios, principalmente o da bebida, que tanto aflige seu país natal. O alcoolismo é doença. Anorexia é doença. Depressão não é frescura: é doença. Kurt Cobain, Ian Curtis, Virginia Woolf, Sylvia Plath morreram de suicídio induzido por desordens bioquímicas.
No Brasil há babaqüeras que chegam ao cúmulo de afirmar que nós nos EUA queremos dominar o povo através de remédios. Como se remédios que combatem depressão ou mania ou aliviam esta grande expressão "esquizofrenia" fossem o "soma" do "Admirável Mundo Novo." Outros defendem o direito ao suicídio. Tenho vontade de mandar levar no feofó com pó de vidro.
Se eu ficar ferrada, tipo o soldado no filme do Dalton Trumbo, Johnnie's Got His Gun, prefiro morrer. Outrossim outronão, quero viver e escutar muito rock, ler e escrever, acompanhar a vida do meu filhote, ser a companheira do meu marido.
No Brasil fizeram diagnóstico errado da minha enfermidade. Passei anos com a nuvem "esquizofrênica" sobre a minha cabeça. O segundo psi não acreditava em diagnóstico. É como a gente ter sarampo, tomar um monte de chá de sabugueiro mas sem saber que é sarampo o problema. Detalhe: a gente não tem dez anos de idade.
Aqui a psiquiatra que me tratou me deu lítio. Ganhei peso, verdade. Não surto mais. Já tive ideações suicidas. É só ligar para o meu médico ou meu marido ou meu filho para que não fique só. Sei que a doutora Nora Bisneta tem razão: está tudo nos neurotransmissores. E no governo Idiota. Mais dois anos e já-já melhoro.
Resolvi escrever este post por causa de reações extremas e cruéis por causa da morte da modelo anoréxica. Sim, há fome na África ( e no Brasil e nos EUA ) e se chama fome. Anorexia é doença. A pessoa quer comer mas não consegue.
Principalmente a galera jovem: olho vivo! Se aparecer um amigo ou uma amiga com umas maneiras estranhas, não façam pacto de silêncio. Vocês não sabem a dor da perda de um filho. Pode parecer o máximo não dizer nada; ninguém tem esfera de cristal. Comuniquem-se.
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Olá Tina!
A história é realmente muito boa!!!!! Racismo é sempre um tema muito forte e que faz pensar no tamanho da bobagem que ele é.
Sobre o presente post eu prefiro não me manifestar... ok?
Beijos pra ti :)
Posted by: _Maga | 25-11-2006 at 11:47